Pensamento, transformações, Ludwig von Mises
Associado a esses processos, temos também o nascimento dos estudos sobre economia política, ou sobre o fenômeno do acúmulo de riquezas, de geração de riquezas. Grandes estudiosos, como Adam Smith e David Ricardo, conseguiram dar sustentação teórica à articulação entre indústria, trabalho e produção de riqueza, como atestou o economista representante da Escola Austríaca de economia, Ludwig Von Mises:
“O que é comumente chamado de “revolução industrial” foi o resultado da revolução ideológica efetuada pelas doutrinas dos economistas. Foram eles que explodiram velhos dogmas: que é desleal e injusto superar um competidor produzindo melhor e mais barato; que é iníquo desviar-se dos métodos tradicionais de produção; que as máquinas são um mal porque trazem desemprego; que é tarefa do governo evitar que empresários fiquem ricos e proteger o menos eficiente na competição com o mais eficiente; que reduzir a liberdade dos empresários pela compulsão ou coerção governamental em favor de outros grupos sociais é um meio adequado para promover o bem estar nacional. A economia política inglesa e a fisiocracia francesa indicaram o caminho do capitalismo moderno. Foram elas que tornaram possível o progresso decorrente da aplicação das ciências naturais, proporcionando às massas benefícios nunca sequer imaginados.” [1]
O processo da indústria moderna, então, passou a organizar-se nas seguintes fases: 1) produção; 2) distribuição e 3) consumo. A sociedade de massas, que se formou em torno da atividade industrial a partir dos fins do século XVIII, passou a ser composta de indivíduos que estavam envolvidos em todas essas três fases. Os operários, que produziam os bens, valendo-se da condição de trabalhadores assalariados, e não de servos, também conseguiam usufruir de determinados produtos, comprando-os. Esse sistema transformou as relações sociais e moldou o cenário das grandes cidades europeias e, a posteriori, de todo o mundo.
Como consequência, a Revolução Industrial também produziu, segundo alguns de seus críticos, sobretudo aqueles ligados ao socialismo e ao comunismo, vários impasses. Um deles seria o próprio processo de divisão do trabalho, fato que provocava a alienação do trabalhador, que seria inserido dentro da ideologia capitalista. Outros seriam a revolta contra as máquinas aplicadas à indústria, expressa pelo Ludismo, e as revoltas de operários, como aquela conhecida como Cartismo.
[1]: MISES, Ludwig Von. Ação Humana. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil. p. 29
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