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BIM NOS PROJETOS DE ARQUITETURA COMUNICAÇÃO E COLABORAÇÃO NO PROCESSO DE PROJETO

Max Lira Veras X. de ANDRADE Professor UFAL, Doutorando FEC/ UNICAMP | maxndrade@uol.com.br |

Regina Coeli RUSCHEL Professora Doutora DAC/ FEC/ UNICAMP regina@fec.unicamp.br


A ideia que sustenta o uso do Building Information Modeling (BIM), na indústria da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC), se apóia nos conceitos de parametrização, interoperabilidade e na colaboração entre os diversos profissionais deste setor. Assim, para a consolidação do BIM é necessário o desenvolvimento das tecnologias de modelagem paramétrica e de interoperabilidade. Além do mais, é importante mudar as posturas dos profissionais da AEC, por meio de atitudes colaborativas, que visem à multidisciplinaridade e evitem a fragmentação do setor. Porém, apesar das diversas tentativas, a colaboração na AEC ainda não é tão bem sucedida, quando comparado a outros setores da indústria (EASTMAN et al., 2008).


Um dos principais problemas no desenvolvimento de sistemas BIM está na falta de entendimento destes pelos profissionais da indústria da AEC. O BIM enquanto processo de trabalho envolve, sobretudo, a comunicação e a colaboração entre diferentes profissionais e empresas ligadas à AEC. Todavia, o que se observa é que poucas empresas e profissionais que utilizam ferramentas BIM buscam a padronização e a colaboração. Esta colocação é comprovada por Kiviniemi et al. (2008) que demonstram que muitos dos profissionais da AEC utilizam softwares BIM como ferramentas de CAD melhoradas, sem, contudo, mudarem os seus processos de trabalho, já consolidados. Esta tese, defendida pelos autores supracitados, é comprovada por uma pesquisa realizada nos países nórdicos que mostra que o principal motivador para o uso do BIM na atividade de projeto arquitetônico é a facilidade de geração de quantitativos (aproximadamente 23% dos arquitetos geram quantitativos a partir dos modelos BIM), seguido pela checagem de conflitos (cerca de 21%). A maioria das tarefas executadas pelos arquitetos nos aplicativos BIM se limita àquelas disponibilizadas internamente nos softwares utilizados, sendo pouco comum o uso de arquivo visando à interoperabilidade. Apenas 1/3 dos arquitetos que usam o BIM empregam arquivos no formato (IFC) (KIVINIEMI et al., 2008). Vol. 4, n 2, Novembro 2009 Gestão & Tecnologia de Projetos [ISSN 19811543] 79 Khemlani (2007) mostra, a partir de dados de uma pesquisa realizada pela AECbytes, que o mais importante critério na escolha do BIM é a habilidade de produzir documentos finais de construção, sem precisar de usar outras ferramentas complementares. A pesquisa aponta que questões relacionadas à integração, ao 4D e ao IFC são consideradas como pouco expressivas. Para Khemlani (2007), os principais critérios para a escolha de um software BIM são: capacidade de uma produção completa de documentação do edifício (sem necessitar de usar outros aplicativos); objetos inteligentes (que possibilitem uma relação associativa e conectiva com outros objetos); e, disponibilidade da biblioteca de objetos. Khemlani (2007) mostra que os arquitetos, muitas vezes, limitam as tarefas àquelas que podem ser executadas por um único aplicativo BIM. Tarefas colaborativas e capacidade de exportar e importar arquivos em formatos universais não são critérios significativos para a escolha de aplicativos BIM. Estas considerações mostram que o uso de aplicativos BIM ainda aparece como um evento fragmentado (TOBIN, 2008). Nesta interpretação, o desenvolvimento do projeto do edifício aparece como uma atividade fragmentada, estabelecida por produtos independentes produzidos por cada disciplina. Segundo TOBIN (2008), o quadro atual retrata o estágio inicial do BIM, denominado de BIM 1.0. Este se caracteriza por um franco crescimento e difusão do uso de modelos BIM, ainda pouco vinculados a um crescimento nos padrões de interoperabilidade entre os aplicativos. Nestes, as troca de dados ocorrem, muitas vezes, baseadas em elementos puramente geométricos. Mesmo assim, a habilidade e a confiabilidade na troca de dados entre diferentes aplicativos têm crescido significativamente, nos anos recentes (KIVINIEMI et al., 2008).


A INTEROPERABILIDADE O processo de projeto envolve muitas fases e diferentes participantes. Estes necessitam trocar informações ao longo de todo o clico de vida do projeto, da construção e do uso. Porém, dificuldades na troca da informação, devido à baixa interoperabilidade, aparecem como fatores limitantes do uso do BIM no processo de projeto. A interoperabilidade é aqui entendida como a capacidade de identificar os dados necessários para serem passados entre aplicativos (EASTMAN et al., Vol. 4, n 2, Novembro 2009 Gestão & Tecnologia de Projetos [ISSN 19811543] 80 2008). Se existe uma boa interoperabilidade se elimina a necessidade de réplica de dados de entrada, que já tenham sido gerados, e facilita, de forma automatizada e sem obstáculos, o fluxo de trabalho entre diferentes aplicativos, durante o processo de projeto. Para que se tenha uma boa interoperabilidade é de fundamental importância a implementação de um padrão de protocolo internacional de trocas de dados nos aplicativos e nos processos do projeto. O principal protocolo usado hoje é o Industry Foudation Classes (IFC), que é um modelo de dados do edifício baseado em objetos, não proprietário. Mesmo assim, o que se observa na prática, de acordo com Kiviniemi et al. (2008), é que o uso de padrões IFC atende a requisitos para certas tarefas, deixando, contudo, que muitas outras tarefas não sejam suportadas por este formato. Um dos maiores obstáculos para a adoção do IFC é a perda de robustez na interface disponível nos aplicativos, tornando isso um grande obstáculo para um amplo e voluntário uso do IFC como protocolo preferido para troca de dados do edifício. Ao mesmo tempo em que existe um desconhecimento por parte dos usuários sobre quais são os propósitos do uso do IFC nos aplicativos disponíveis, parece haver também um grande desinteresse das organizações vinculadas à indústria da AEC pelo aperfeiçoamento do IFC. Isto, segundo Kiviniemi et al. (2008), é em decorrência de que o conceito de BIM ainda não teve uma plena penetração no mercado e que o reuso de dados ainda é uma tarefa muito limitada. A maioria das empresas da indústria da AEC não considera o modelo baseado na integração como algo importante.

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